sexta-feira, 16 de setembro de 2011

50 ANOS COLÉGIO HELENA KOLODY

RESGATAR A HISTÓRIA E FAZER MEMÓRIA É PROJETAR O FUTURO-CONSTRUINDO O PRESENTE


Autora: Eunice Gimenes Fernandes


Sob a luz mágica da nossa estrela,
abra o livro e contemple o diamante:
em cada uma de suas faces fulgurantes
ha muita história para ser contada...
história viva presente no que somos,
que está em nosso chão,
está no sumo, está nos pomos,
e está, primordialmente em nosso coração.

O município nascente era promissor,
já contava com muitos mil habitantes.
E embora o comércio fosse simples e pequeno,
a agricultura era forte – os cafezais em flor.
Era preciso trazer mestres, fundar escolas...
Formar professores era a mais urgente necessidade do momento,
eles seriam as propulsoras molas
para a expansão do saber e do conhecimento.
Assim nossa escola é criada.
E naquele sete de junho de cinqüenta e oito, às 14 horas,
aconteceu a aula inaugural.
Entre outras coisas, decidiu-se, neste dia, o uniforme a ser usado,
o horário das aulas, e também qual nome se daria
ao recém fundado Curso Normal Regional.
Muitos foram os nomes sugeridos:
vultos históricos que trabalharam em prol da educação
e pelo progresso cultural.
Mas o preferido foi Helena Kolody,
nome de quem nunca se ouvira falar por aqui.
Havia sido professora dos nossos primeiros professores.
Era poetisa, mestra querida:
carinho e admiração sincera
para que nunca mais fosse esquecida!

Com nome agora escolhido,
urgia suprir da escola as necessidades...
A biblioteca era uma das mais essenciais, das mais urgentes,
além do próprio prédio, que ainda estava em construção.
E tem início, assim, um grande esforço de arrecadação...
Foram tantas atividades, de bailes a concurso de miss estudante...
Mas por fim, num belo dia,
lá estava a escola terminada,
e perfilhadas nas estantes,
muitas dezenas de livros!...
Agora sim a escola tinha alma, tinha vida...
Objetivo alcançado, mais uma etapa cumprida.
E assim, de meta em meta,
Vai-se a escola consolidando.
Desfiles pátrios acontecem,
a grande fanfarra toda equipada,
os estudantes uniformizados, orgulho no peito,
ecoam longe as batidas fortes, ritmadas,
os clarins cortam os ares...
a história está sendo contada...

Para que as aulas pudessem ter início,
vieram de outras regiões, especialmente de Curitiba
vários professores.
E assim que, hoje, os alunos de então falam,
A seus olhos e pelas lembranças,
Quem eram esses mestres,
Quais suas vidas, conceitos e valores.

Professor Casado Valbuena era um pouco baixinho,
muito tranquilo e carinhoso.
Dava aulas de matemática, provas difíceis,
E jamais foi à escola sem estar vestido
Com um dos seus ternos de linho.
Dona Déa era expansiva, alegre, uma esportista.
Ensinou aos alunos as regras do vôlei,
Formou times, promovia campeonatos.
E era muito bonita, não só na aparência,
como também nos atos.
Ivo de Angelis deixou os estudos de Medicina
para ensinar Português.
Era poeta, e lindos poemas escrevia.
Incentivava os alunos a apreciar e exercer
a nobre arte da poesia.
Mais tarde, em Curitiba, teve uma nova missão:
participou do governo, como Secretário da Educação.
Dona América era paraguaia, de Salto del Guairá.
Deixou a imagem de uma mulher séria, de muita responsabilidade,
o que não ocultava sua aura de humana afetividade.
Dona Lúcia, mulher de um dentista, era recém casada,
muito simples e habilidosa, gostava de deixar a casa toda enfeitada!
Professor Vitório, pessoa boníssima, era humano, conselheiro...
Eram professores motivados, atuantes...
Compromissados, se doavam...
Faziam-se ouvir por horas, pelos estudantes,
Que com suas aulas se encantavam...
Eram mais que professores: eram pessoas amigas e queridas,
que não só passavam conhecimentos,
mas sobre tudo lições de vida.

E a escola? Ah... a escola, que de início estava em construção,
tornou-se numa das mais bem equipadas de toda região!
Era ampla, com duas alas distintas,
Ligadas por grande pátio coberto.
E entre as alas, palmeiras foram plantadas,
E um belo jardim florecia.
Ficava num lugar alto e lindo,
Ventilado, aberto, ensolarado...
A merenda tinha muita qualidade,
especialmente o leite de soja, vindo dos Estados Unidos.
Ah, como tudo deixou saudade!...

Sob a orientação dos professores,
e a participação de todos os alunos,
promovia-se muitos eventos:
bailes memoráveis, hoje em dia inimagináveis,
tardes festivas, concursos de miss estudante,
competições esportivas amigáveis e fagueiras,
as chamadas domingueiras,
o Grêmio Estudantil, determinado, atuante, e suas muitas atividades...
As peças teatrais até em outros lugares encenadas...
E tudo tão simples, com gosto de novidade,
com gosto de sol nascente...
A alma aberta ao futuro, mas construindo o presente....

Escola Helena Kolody...
Nas suas salas, pátios, corredores,
Brotaram tantos adolescentes amores...
Alguns se desfizeram com brisa leve.... passageiros sentimentos,
vieram, foram-se, nas asas etéreas dos pensamentos...
Outros se fizeram fortes, maduros, duradouros:
floresceram, frutificaram, deram louros .
nas suas salas, pátios, corredores,
quantas amizades nasceram também!
E apesar dos caminhos distintos traçados,
cada um no coração do outro permanece:
a doçura de mãos amigas
guardando os frutos de antiga messe...

Milhares de alunos passaram pelo Colégio Helena Kolody.
A todos procurou-se dar o melhor que se podia, no momento:
mais conhecimento e cultura – os pés plantados no chão –
mais sonhos para a alma, mais asas ao coração.

E assim, nossa escola continua fazendo história,
que é o seu dever primeiro:
pois fazer história é ter consciência
de seu papel na sociedade,
exercendo-o no dia a dia, com ética e responsabilidade,
sem fraquejar, sem esmorecer,
mesmo diante das muitas improbidades.
Fazer história, verdadeiramente, está em nosso querer:
é mostrar caminhos, permitir o desabrochar de identidades:
fortes para as necessárias mudanças – a transformação –
porém sensíveis à voz da alma, às mensagens do coração...
É mostrar o caminho com propriedade,
é indicar a direção...
Mas permitir que o voo de cada aluno seja próprio,
Pleno de luz e liberdade.
Hoje, diferentemente de outrora, nada mais é tão simples,
nem tem gosto de novidade.
Todavia, pode ter gosto de sol nascente:
a alma aberta ao futuro, mas construindo o presente.

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